Diário Espiritual

Algumas eu guardo há anos — e, se for sincera, percebo que o tempo só as deixou mais pesadas.

Por muito tempo, eu disse a mim mesma: “Foi ele que me magoou”.

Mas, aos poucos, fui entendendo que o verbo “magoar” é traiçoeiro: ele é reflexivo.

Não é “ele me magoou”.

É eu me magoei com o que ele fez… ou deixou de fazer.

Essa descoberta muda tudo.

Porque se a mágoa nasce em mim, ela também pode morrer em mim.

E isso não depende de que o outro peça desculpas ou mude.

Depende de eu soltar as cordas que amarrei entre o que eu queria e o que aconteceu.

No fundo, percebo que a mágoa é filha das minhas expectativas.

Esperava que alguém agisse de acordo com o meu jeito de ver a vida, que dissesse as palavras que eu gostaria de ouvir, que cuidasse de mim do modo que eu cuido.

E quando isso não acontece, eu sinto como se tivesse perdido algo que, na verdade, nunca me pertenceu.

O outro é só um gatilho.

O que realmente dói é o quanto eu ainda quero controlar — e disfarço isso chamando de “amor”.

Se amar é liberdade, a mágoa é uma prisão que eu mesma construo.

E, hoje, eu não quero mais viver atrás dessas grades.

Decidi que não serei guardiã de mágoas.

Quero ser jardineira de afetos que crescem mesmo sem rega diária, que sobrevivem ao silêncio, que florescem mesmo sem aplausos.

E, talvez, a lição mais difícil seja essa:

soltar o que nunca foi do outro.

Foi sempre meu.

Luh Oliveira

Luh Oliveira, escritora, estrategista de marketing e produtora de conteúdo. Apaixonada por espiritualidade e desenvolvimento pessoal, une sua experiência em pesquisa científica, comunicação e reprogramação mental para inspirar transformação.

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