Diário Espiritual
Enquanto isso não acontece, o passado continua sendo um quarto fechado onde a dor se repete. Cada lembrança vira um eco, trazendo medo de reviver o que já foi, ou a sensação de que tudo que veio depois foi estragado pelo que aconteceu lá atrás.
O perdão não é dizer que foi bom, nem fingir que não doeu.
Perdoar é dizer: “Chega. Isso me afetou até aqui, mas não vai mais decidir a minha vida.”
É deixar de carregar o peso do que já não pode ser mudado, sem negar que existiu.
Quem perdoa não esquece. Mas passa a contar sua própria história de um jeito diferente.
A lágrima antes inevitável se transforma em serenidade. A voz antes embargada ganha leveza.
É como se a dor, ao ser atravessada, perdesse a força de prender e se tornasse apenas parte do que nos formou.
O passado não muda. Mas o modo como o carregamos pode mudar.
E é isso que liberta: deixar que o perdão transforme uma memória de dor em uma lição de vida.
Perdoar é aprender a dizer: doeu, mas já não me prende mais.