Diário Espiritual
Aparências enganam: por trás de uma foto bonita pode haver noites mal dormidas; por trás de conquistas pode morar o medo de não dar conta; e até em dias aparentemente tranquilos pode existir um vazio que ninguém enxerga.
Isso não é fraqueza, é humanidade.
Ninguém atravessa a vida imune às pressões, às comparações, às dores que o mundo insiste em impor.
Mas existe uma diferença entre sentir e se perder no que se sente.
Jesus, quando esteve entre nós, também viveu momentos de angústia.
O Evangelho conta que, no Getsêmani, antes da crucificação, Ele se sentiu profundamente triste e aflito. Chegou a pedir: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice.”
Isso nos mostra que até o Mestre conheceu a dor da alma cansada.
Mas em seguida Ele acrescentou: “Contudo, seja feita a Tua vontade.”
Entre o peso e a confiança, Ele escolheu descansar em Deus.
Esse gesto simples nos ensina muito.
Não é negar o sofrimento, mas entregar o coração àquilo que pode sustentar.
Quando reconhecemos nossa fragilidade e, ao mesmo tempo, nos abrimos para ser cuidados, o fardo fica mais leve.
A paz não aparece de repente, como quem resolve tudo de uma vez.
Ela nasce de escolhas pequenas: dormir mais cedo, se afastar do que adoece, falar com alguém de confiança, permitir-se descansar sem culpa.
São atitudes simples, mas que nos lembram que não precisamos carregar tudo sozinhos.
Porque ser humano é sentir, e cuidar-se é não se abandonar em meio ao que se sente.
Não é sobre ter uma vida perfeita, mas sobre aprender a se acolher mesmo nos dias imperfeitos.