Diário Espiritual
Mágoas que, de algum modo, se tornam abrigo. Um lugar conhecido, onde a gente se protege daquilo que doeu. E por isso, soltar pode parecer pior do que segurar. Abrir mão da raiva, do ressentimento, do sofrimento… às vezes é desconfortável. Dói sair da zona em que a dor nos mantinha paralisado, mas em certo ponto, também nos fazia sentir no controle.
Mas na verdade é simples, ainda que difícil de viver: você pode decidir ser feliz. Pode escolher não carregar mais esse peso. Pode acordar num dia qualquer e dizer pra si mesmo: hoje eu vou viver leve. E viver leve não significa que tudo está resolvido, significa que você está disposto a deixar de se ferir por dentro com o que já passou.
A decisão de se curar não nasce da negação do que foi difícil. Nasce do respeito por si mesmo. É quando você entende que não quer mais que aquela dor decida por você. Que aquela pessoa, aquele episódio, aquele erro, não vão mais ditar a sua energia, seus passos, seu futuro.
É claro que não é fácil. Decidir perdoar, soltar, mudar… é um movimento interno que às vezes exige mais coragem do que lutar. Mas quando a decisão vem de dentro, firme e clara, algo muda. Você para de se sabotar. Para de se explicar. E começa a agir em direção à vida que quer viver, mesmo que seja devagar.
A dor pode ser um lugar conhecido. Mas a cura… é um lugar possível. E começa no exato momento em que você decide ir até lá.