03.08.25
Quando remoemos mágoas, raiva e inconformismo, é como se tomássemos veneno esperando que o outro sofra as consequências. Esses sentimentos, embora muitas vezes compreensíveis diante de dores reais, tornam-se prisões invisíveis que vamos fortalecendo dia após dia. Alimentá-los é perpetuar a ferida, é impedir que o tempo cure o que o coração insiste em manter aberto. A alma intoxicada por ressentimentos perde sua leveza. A mente se torna inquieta, o corpo sente — dores, insônias, tensões, doenças psicossomáticas. Não há separação entre o que sentimos e o que manifestamos. Emoções guardadas em silêncio agitam nosso interior como águas revoltas em um lago que deveria ser calmo. Perdoar não é esquecer, tampouco é aprovar o que nos feriu. É, sobretudo, decidir não carregar mais o peso do passado. É libertar-se da dor para continuar a jornada com mais leveza e lucidez. O perdão verdadeiro é um ato de amor-próprio, um presente que damos a nós mesmos para seguir em paz. A evolução espiritual não acontece enquanto nos mantemos presos a sentimentos de vingança ou autocomiseração. É preciso esvaziar o coração do que não serve mais. Ao abrir espaço interno, permitimos que a luz entre, que a sabedoria nos toque e que o amor flua de forma natural. Portanto, observe seus sentimentos com sinceridade. Pergunte-se: o que ainda me prende? O que estou alimentando dentro de mim? E se a resposta for dor, que você tenha coragem de soltar. Pois quando a alma se purifica daquilo que a intoxica, a vida renasce — mais clara, mais serena, mais verdadeira.