06.09.25
Mais fácil é sofrer, difícil é perdoar. O sofrimento surge naturalmente, sem esforço. Basta que alguém nos fira, e logo a dor se instala no coração. É fácil alimentar a mágoa, revisitar mentalmente a ofensa, sentir de novo a ferida. O sofrimento não pede coragem; ele apenas se impõe. O perdão, ao contrário, exige grandeza. É uma escolha consciente, um ato de força interior que transcende o instinto de revidar. Perdoar não significa concordar com o erro ou esquecer magicamente o que aconteceu. Perdoar é decidir não carregar a dor para sempre. É soltar o peso que o outro nos deixou e abrir espaço para a leveza. Sofrer nos mantém presos ao passado, mas o perdão nos projeta para o futuro. Ele nos ensina que a verdadeira liberdade não está em esperar reparações, mas em escolher viver sem correntes. É fácil segurar a pedra, difícil é deixá-la cair — mas é nesse gesto que nasce a cura. Quem perdoa não apaga a memória, mas ressignifica a experiência. Transforma a ferida em aprendizado, a dor em sabedoria, a mágoa em compaixão. Perdoar é reconhecer a fragilidade humana, tanto a nossa quanto a do outro, e permitir que o amor seja maior que o ressentimento. Assim, sofrer pode ser natural, mas perdoar é um exercício espiritual. É subir um degrau acima do ego e permitir que a alma respire aliviada. Quem aprende a perdoar descobre uma verdade simples: o coração leve é o verdadeiro templo da paz.