Diário Espiriual
Queremos dar paciência quando estamos esgotados. Queremos transmitir fé quando não alimentamos a alma em oração. Queremos consolar sem antes aprender a acolher a nossa própria dor.
Mas não há como colocar para fora o que não existe por dentro. É como tentar encher a sede do outro com um copo vazio. O esforço pode até ser sincero, mas o resultado será sempre cansaço.
Aprendi que não é egoísmo olhar para dentro. É responsabilidade. Só quem se abastece primeiro pode oferecer de verdade. Até Jesus se recolhia em silêncio para orar antes de voltar às multidões. Ele buscava a fonte para depois transbordar.
Colocar para dentro é deixar que Deus nos alimente no íntimo. É cultivar silêncio, esperança, amor, paciência. Só assim, quando o momento pedir, teremos o que partilhar.
Porque, no fim, a doação não nasce do peso, mas do transbordo. Não se trata de dar para se esvaziar, mas de estar tão cheio que o cuidado flui naturalmente.
Ninguém sacia o mundo de um copo vazio, é do transbordo que nasce o cuidado.