Diário Espiritual
Tem dias em que o tempo parece correr, e a gente sente que ficou pra trás. Tem dias em que, mesmo sabendo o propósito, algo dentro da gente resiste a dar o próximo passo.
Não é preguiça. Não é falta de fé.
É o peso invisível de um conflito interno: eu quero seguir, mas tenho medo do que vou encontrar do outro lado.
É mais fácil ficar onde já conheço, mesmo que doa.
Mais fácil depender do que arriscar perder.
Mais fácil segurar a porta do que atravessá-la sozinha.
Mas há uma coisa que a dor também revela:
a verdade não quer mais ser ignorada.
A alma já começou a se mover — mesmo que os pés ainda não tenham força.
E é aí que tudo começa.
A luta nunca foi contra o outro.
Foi sempre entre você… e as partes de você que ainda tentam se proteger do mundo.
Mas proteger também cansa. E o cansaço é um chamado:
“Já é hora de confiar em quem você está se tornando.”
Talvez hoje, o passo não seja romper com tudo.
Talvez seja só aceitar que está doendo.
Permitir-se sentir a tristeza sem culpa.
Reconhecer o medo sem se paralisar por ele.
Se acolher antes de exigir produtividade.
Porque a cura real não vem da pressa.
Vem da presença.
Vem do amor que você decide oferecer a si mesma — mesmo nos dias em que parece não merecer.
A travessia acontece assim: com cansaço, com dúvida, com passos pequenos. Mas com verdade.
E isso… já é o início da liberdade.