Diário Espiritual
Já me vi tentando ser paciente quando estava esgotada, tentando consolar sem antes ouvir a minha própria dor. O resultado era sempre o mesmo: terminava o dia drenada, como um copo vazio que não tinha mais nada para dar.
Com o tempo, entendi que não é egoísmo se abastecer primeiro. É cuidado. É responsabilidade. Só quem se alimenta por dentro consegue oferecer algo que sustenta de verdade. Até Jesus se retirava em silêncio para orar antes de voltar às multidões. Ele buscava a fonte para depois transbordar.
Isso me ensina que a ordem nunca muda: primeiro dentro, depois fora. Primeiro silêncio, depois palavra. Primeiro raiz, depois fruto. Não se trata de fechar-se ao mundo, mas de garantir que, ao dar, não seja peso, seja vida.
E então a doação deixa de ser esforço. Vira transbordo. Não damos porque precisamos provar algo, mas porque já estamos cheios.
Ninguém serve de copo vazio: é do transbordo que nasce o cuidado.