Diário Espiritual
Quantas vezes, sem perceber, olhamos o outro não com compaixão, mas com comparação? É fácil ver a queda alheia como confirmação de que estamos melhores, ou como desculpa para não estender a mão.
Mas a verdade é que todos nós tropeçamos. Uns caem de forma visível, outros em silêncio, por dentro. Ninguém atravessa a vida sem sentir o peso do chão.
Estar em pé não nos torna superiores, apenas nos dá a chance de ser apoio. Ajudar não é ocupar um lugar de cima. É se abaixar com humildade, é olhar de frente, é oferecer a mão sem medir quem merece ou não. É lembrar: “eu também já precisei de ajuda, e ainda vou precisar de novo.”
E ajudar, muitas vezes, não é fazer muito:
- é o gesto simples que devolve dignidade;
- é o olhar que encoraja sem ferir;
- é o silêncio que acolhe em vez de criticar.
Porque o verdadeiro amor não se satisfaz em estar acima, ele se inclina, se iguala, se doa.
E é bonito perceber como Jesus nos ensinou isso tantas vezes, em gestos aparentemente pequenos. Ele não passava por cima dos caídos, não evitava os que estavam à margem. Pelo contrário: se abaixava, conversava, tocava, curava. Ele olhava de perto, e esse olhar levantava mais que qualquer palavra.
Hoje, quero carregar esse lembrete comigo:
se o olhar que ofereço não levanta, então ainda não é amor.
O amor só cumpre sua missão quando coloca a gente na mesma altura do outro.