Diário Espiritual
Há quem O procure apenas nos dias de festa, como um convidado especial chamado para partilhar a alegria. E há quem só se volte a Ele na dor, quase como último recurso, quando tudo parece perdido.
Mas a fé não se sustenta assim, dividida. O coração precisa aprender a permanecer conectado. A presença de Deus não pode ser visita marcada pela circunstância, precisa ser morada.
Essa reconexão, no entanto, não exige nada extraordinário. Ela nasce do simples. Num inventário silencioso do que sentimos. Num instante de gratidão ao acordar. Numa oração curta no meio do dia. Num caminhar atento ao vento e às árvores. Num olhar demorado para o céu. Até mesmo em algo tão cotidiano como cozinhar com presença ou respirar fundo antes de uma decisão.
São nesses gestos pequenos que a alma encontra espaço para ouvir. E quanto mais cultivamos esses momentos, mais percebemos que não era Deus quem estava longe, mas nós que nos deixávamos distrair.
Ele nunca se desconecta. Somos nós que, tantas vezes, nos afastamos.
A fé amadurece quando a lembrança de Deus deixa de ser exceção e passa a ser presença constante.